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A Final do Pó-de-Mico

By 4 de maio de 2015 No Comments

Por José Rezende

Alguns fatos extracampo aconteceram na grande final do Campeonato Carioca de 1948 entre Botafogo e Vasco, no dia 12 de dezembro. O mais falado era a presença de pó-de-mico no vestiário utilizado pelos jogadores vascaínos. Um dos personagens do jogo decisivo, o extraordinário goleiro Barbosa, falou sobre o assunto:

“A questão do pó-de-mico é realmente verdadeira. Há quem diga, também, que houve o negócio do café meio estranho. Sobre o café eu não tenho certeza. Porém, quem tomou o café não estava em boas condições.

O vestiário ficava embaixo da arquibancada e por ali sopraram pó-de-mico. Com o verão que estava e a gente suando, o pó-de-mico pegou. Eu fiquei com as mãos em carne viva. Isso aconteceu no intervalo”.

Se as gemadas de Carlito Rocha, a presença do cachorro Biriba, o sonífero no café e até o pó-de-mico ajudaram o Botafogo a conquistar o título, não podemos deixar de reconhecer as qualidades do conjunto alvinegro, dirigido por Zezé Moreira. Após a estreia desastrosa contra o São Cristóvão, quando perdeu por 4 a 0, o Botafogo arrancou para o título, empatando apenas dois jogos. Osvaldo “Baliza”, goleiro campeão de 48, nos contou o que aconteceu:

“Pura acomodação. O Botafogo ficou treze dias no Hotel Quitandinha. Tinha jogador que ficava na piscina, pedindo sanduíche com suco de frutas e o São Cristóvão aqui em baixo comendo prato feito. Bem, saímos de lá e fomos inaugurar o Hotel Canadá, em Copacabana. O hotel era tão bom que ninguém dormiu na cama. Dormia no chão, porque o tapete era mais gostoso. Saímos dali, viemos para o campo do Botafogo e perdemos de 4 a 0.

Fizemos depois uma mesa redonda e resolvemos não ter mais concentração. Carlito não gostou, mas ninguém se concentrou mais e ganhamos o campeonato. Carlito falou que era melhor perder no início que perder no final. Até a final tivemos dois empates: Bangu 0 a 0 e Fluminense 2 a 2” .

Às 11 horas do dia 12 de dezembro de 1948, o estádio de General Severiano já estava lotado. Era à força do conjunto do Botafogo contra o todo poderoso “Expresso da Vitória”, campeão dos campeões, em Santiago do Chile.

Com três minutos de jogo, sob a arbitragem de Mario Vianna, o Botafogo já vencia por 2 a 0, gols de Paraguaio e Braguinha. No início do 2o tempo, o zagueiro Gerson se contundiu e Paraguaio recuou para a zaga. Otávio marcou o 3o gol botafoguense e Ávila, contra, diminuiu para o Vasco.

O Botafogo, após quatro anos seguidos como vice (44, 45, 46 e 47), finalmente, sagrava-se campeão.

 

  • Em pé, Gerson, Osvaldo, Nilton Santos, Rubinho, Ávila, Juvenal e Zezé Moreira (técnico); Paraguaio, Geninho, Pirilo, Biriba, Otávio e Braguinha.

1948 - Botafogo campeão carioca

 

  • Braguinha marca o 2º gol do Botafogo.

1948 - Botafogo 3 x Vasco 1 - gol de Braguinha  -

 

  • Os vasilhames continham a energia receitada por Carlito Rocha para seus atletas: muita gemada.

1948 - Botafogo - a gemada de Carlito Rocha -

 

  • Carlito Rocha, o grande presidente alvinegro, e Biriba, a mascote do time campeão.

1948 - Botafogo - Carlito e Biriba

 

  • O “expresso da vitória” antes da partida final, em General Severiano: Eli, Jorge, Augusto, Wilson, Barbosa e Danilo; Friaça, Ademir, Dimas, Ipojucan e Chico.

1948 - Vasco x Botafogo - vice campeão  carioca

 

  • Osvaldo salta e evita a finalização de Friaça.

 1948 - Botafogo 3 x Vasco 1 - lance partida  final

 

  • Os campeões fazem a festa após o apito final de Mário Vianna. Em primeiro plano, Otávio, Geninho, Ávila com a bola, Osvaldo sem camisa e mais atrás Pirilo. À esquerda, Biriba puxa a maia de Nilton Santos. Os vascaínos Chico (11), Wilson (3) e Jorge (6) caminham para o vestiário.

1948 - Botafogo campeão -  comemoração após a  vitória de 3 a 1 sobre o Vasco

Os fatos e os personagens que fizeram a história do esporte estão no blog:

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